
Julgados Recentes sobre Pagamento Diferenciado de Coberturas em Condomínios: Igualdade ou Proporcionalidade?
Neste artigo, exploramos os julgados recentes sobre a cobrança diferenciada de taxas condominiais para coberturas em comparação aos apartamentos menores, considerando que a utilização das áreas comuns é a mesma para todos os condôminos. Discutimos o princípio da proporcionalidade tradicionalmente aplicado, os argumentos a favor da cobrança proporcional e os contra, baseados na igualdade de uso. Analisamos decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de tribunais estaduais, destacando casos emblemáticos e a evolução da jurisprudência sobre o tema. Este texto oferece uma visão abrangente e atualizada, essencial para condôminos, administradores de condomínios e profissionais do direito.
DIREITO IMOBILIÁRIO
Barbara D'Almeida e Mariana Caminha
6/26/20243 min read
O pagamento de taxas condominiais é um tema que frequentemente gera debates acalorados entre condôminos, especialmente quando se trata de unidades de coberturas e seus valores diferenciados. Nos últimos anos, o Judiciário brasileiro tem sido chamado a decidir sobre a legalidade de cobranças proporcionais à área das unidades, mesmo quando a utilização das áreas comuns é igual para todos os condôminos. Este artigo examina os julgados recentes sobre esse tema, destacando os argumentos e as decisões que moldam a interpretação jurídica atual.
O Princípio da Proporcionalidade nas Taxas Condominiais
Tradicionalmente, as taxas condominiais são calculadas com base na fração ideal de cada unidade, ou seja, proporcionalmente à área de cada apartamento ou cobertura. Esse método é fundamentado no entendimento de que unidades maiores, como as coberturas, devem contribuir mais, pois possuem maior fração ideal do terreno e, supostamente, usufruem mais dos serviços do condomínio.
No entanto, essa prática tem sido contestada com o argumento de que, independentemente do tamanho da unidade, a utilização das áreas comuns, como piscinas, salões de festas e academias, é igual para todos os condôminos. Portanto, o pagamento proporcional seria injusto e contrário ao princípio da igualdade.
Julgados Recentes e Suas Implicações
Os tribunais brasileiros têm se debruçado sobre essa questão, e algumas decisões recentes merecem destaque:
STJ e o Princípio da Equidade: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já enfrentou casos onde condôminos de coberturas questionaram a legalidade das cobranças proporcionais. Em alguns julgados, o STJ reafirmou a validade das convenções condominiais que estabelecem a cobrança proporcional, baseando-se na autonomia dos condomínios para determinar suas regras internas, desde que respeitem a legislação vigente e a convenção aprovada pela maioria dos condôminos.
Decisões de Tribunais Estaduais: Diversos Tribunais de Justiça estaduais têm adotado posicionamentos variados. Em alguns estados, a jurisprudência tem evoluído no sentido de que a cobrança proporcional é válida, sustentando que unidades maiores, como as coberturas, devem contribuir mais por terem uma fração ideal maior. Em outros estados, decisões têm favorecido a divisão igualitária das taxas condominiais para áreas comuns, reconhecendo a utilização igualitária por todos os condôminos.
Julgado de Caso Específico: Um caso notório recente envolveu um condomínio onde a convenção previa a cobrança proporcional à área das unidades. Um condômino de cobertura contestou judicialmente, argumentando que pagava mais por serviços e áreas comuns que utilizava de maneira igual aos demais condôminos. O Tribunal de Justiça local decidiu a favor do condômino, ordenando que as taxas fossem divididas igualmente, uma vez que a utilização das áreas comuns era a mesma para todos, independentemente do tamanho da unidade.
Argumentos e Fundamentação
Os principais argumentos apresentados pelos defensores da cobrança proporcional incluem:
Maior Fração Ideal: Coberturas possuem maior fração ideal do terreno e, portanto, teoricamente, devem contribuir mais para a manutenção e serviços do condomínio.
Autonomia da Convenção Condominial: A convenção do condomínio, aprovada pela maioria, é soberana e deve ser respeitada.
Por outro lado, os argumentos contra a cobrança proporcional destacam:
Igualdade de Uso das Áreas Comuns: Todos os condôminos utilizam as áreas comuns igualmente, então a cobrança deveria refletir essa igualdade.
Princípio da Equidade: Cobrar mais de condôminos de unidades maiores, apesar de utilizarem igualmente as áreas comuns, pode ser visto como uma prática injusta e discriminatória.
Conclusão
Os julgados recentes mostram que a questão do pagamento diferenciado de coberturas em condomínios ainda está longe de um consenso. Enquanto alguns tribunais reafirmam a validade da cobrança proporcional com base na fração ideal, outros começam a reconhecer a importância da igualdade no uso das áreas comuns. Esse debate contínuo reflete a complexidade das relações condominiais e a necessidade de uma análise cuidadosa e contextualizada em cada caso.
Para os condôminos, é essencial conhecer a convenção do condomínio e, se necessário, buscar orientação jurídica para garantir que seus direitos sejam respeitados. A tendência é que o Judiciário continue a evoluir suas interpretações, buscando equilibrar princípios de proporcionalidade e igualdade, em consonância com a realidade prática dos condomínios.